Enfrentamos no dia a dia a realidade de aceitar ou não as suas circunstâncias, desde o momento em que acordamos. Temos que aceitar muitas coisas. Por exemplo: Quem sou, onde moro, minha família, meu emprego, quanto dinheiro tenho no bolso, etc.
Em alguns momentos do dia é fácil aceitar certas situações, porém em outros momentos torna-se mais difícil. É mais fácil aceitar quando as coisas acontecem ao natural ou sem anormalidades ( o carro está ok, tenho dinheiro suficiente, no lar tudo anda certo, etc.) Mas as coisas tornam-se um pouco mais difíceis quando as circunstâncias não nos são favoráveis (o carro quebrou, não tenho dinheiro para pagar as contas, em casa só brigo com minha esposa, perdi o emprego, etc.)
Eis então a questão: Temos que mudar, pois as circunstâncias nos obrigam a isso. Temos que aceitar as situações que se colocam a nossa frente. Dificilmente esta aceitação será fácil. Estamos acostumados ter as coisas como queremos e quando queremos.
Nós como dependentes, temos dificuldades de relacionamento, principalmente consigo mesmo.
Quando as situações não estão de acordo como queremos, quando somos bombardeados por problemas, aí perdemos o equilíbrio, perdemos a segurança no sentido emocional e financeiro, perdemos a confiança em nós e nos outros.
A perda dos nossos sonhos, das nossas esperanças, dos nossos ideais, talvez sejam as perdas mais dolorosas de nossas vidas.
Porque jamais sonhamos em sermos adictos ou alcoólatras? Ou sermos excluídos pela sociedade ou até por nós mesmos? Ou ainda, não sonhamos jamais em ser um necessitado ou indigente. Antes porém, sonhamos com uma vida intensa, objetivos alcançados, muita alegria e quase nenhuma tristeza.
Sabíamos que sofreríamos tanto, antes de “casar” com o álcool? Quando iniciou este “namoro”, nos demos conta das tragédias que iriam ocorrer no futuro? Por certo não. Neste “namoro”, só existiram as promessas de felicidade, riqueza, alegria plena, sexo. Pelo contrário, o “cônjuge” não mencionou os momentos de desgraça, dor, doença. Você assinou o contrato nupcial de boa fé! Com as mudanças, perdas e depressões, nossos sonhos foram ruindo e custávamos bastante a reconhecer a nova e dura realidade. Teríamos então que ACEITAR tudo que viesse pela frente, ou não…
Um dia a verdade não aceitou mais a negação e os sonhos morreram e não vieram mais. Sabemos que há muita dor ao perdermos os sonhos que tínhamos e que não voltam mais.
Além disso, perdemos para nossa adição ou alcoolismo. A doença é mortal, mata tudo, inclusive nossos sonhos. É uma dura e triste realidade.
Até mesmo na nossa recuperação temos perdas, porquanto estando em recuperação estaremos privados de muitas coisas que nos são difíceis de abdicarmos. Acima de tudo temos que ter ACEITAÇÃO.
Tais perdas podem aparecer gradualmente ou como um furacão, por isso devemos nos preparar e aceitar aquilo que não podemos modificar.
Devemos estar cientes de que teremos períodos de satisfação e alegria onde tudo transcorre as mil maravilhas e que de repente, tudo pode mudar. Aí será o momento de colocarmos a prova nossa real recuperação.
Devemos ter em mente aceitar a realidade ou preferirmos acreditar novamente naquele “casamento”. Porque se estamos agora vivendo crises com a nossa mente mais aberta, imagine como vivíamos estas crises com nossas mentes encharcadas de álcool! Devemos, portanto, aceitar e enfrentar as coisas como realmente elas são.
Aceitar não significa adaptar, aceitação não significa aceitar ou tolerar qualquer tipo de abuso. Aceitação significa aceitar a mim mesmo e aos outros como são e também aceitar as minhas dificuldades e circunstâncias.
Os usuários de drogas ou álcool só irão parar de usar estas substâncias psicoativas no momento em que aceitarem que são impotentes e que perderam o domínio de suas vidas.
Se puder aceitar quem sou, o que sinto, as coisas que fiz de errado, minhas limitações e dificuldades, se aceitar verdadeiramente tudo isso, gostando ou não então estarei próximo de aceitar a mim mesmo.
É importante que aceitemos um Poder Superior que virá a intervir em nossas vidas. Esta aceitação deverá vir de dentro do nosso ser. Deve ser salientado que nada poderá ser conquistado sem luta. Que luta? A luta para aceitarmos o esquecimento momentâneo de quem gostamos muito, aceitar a morte de um ente querido, a separação do cônjuge, a falência financeira…Portanto, lutando contra essas situações, trabalhemos estes cinco estágios:
- NEGAÇÃO: Discordar sobre as situações de perigo que na realidade continuarão existindo.
- RAIVA: Talvez possa ser razoável ou racional dar ênfase (sentir) a esse sentimento.
- NEGOCIAÇÃO: Por exemplo: “-proponho-me a fazer um tratamento, mas quero algo em troca”.
- DEPRESSÃO: Evitemos entrar num túnel de tristeza quando as coisas não estão bem.
- ACEITAÇÃO: Fiquemos em paz com as coisas como elas são. Aceitemos nossas perdas, nos ajustando e nos reajustando às circunstâncias com nossas presentes capacitações e condições.
Não é simples, nem fácil, mas não é impossível. Juntos nós podemos mais!
(Temáticas da Comunidade Terapêutica Fazenda Renascer)