As crises nos acordam para as coisas boas que não percebemos
“…a vida tem seus próprios caminhos, coisas que não controlamos, suas ironias, suas voltas, de modo que sempre haverá o inesperado e dificuldades para enfrentar. Sempre haverá desilusões, quedas e ultrapassagens. No entanto, ainda que os momentos de crise sejam horríveis, eles podem significar um despertar (como é citado no filme Gênio Indomável: “As crises nos acordam para as coisas boas que não percebemos”).
Não há como escapar, todos nós um dia passaremos por um momento que colocará o nosso emocional no chão, a mente perturbada, cercados de desilusão e desespero… a dor e o sofrimento são inerentes à vida, assim como o amor e a alegria.
Embora não haja como escapar, no meio da dor parece que percebemos quem somos de fato e o que queremos da vida. Sem pressões externas, sem a sociedade, é apenas o eu e o mim dialogando e, assim, conseguimos enxergar sem máscaras a constituição do nosso ser e o que ele grita desesperadamente para fazermos. Por isso, as crises nos acordam para o que não percebemos, porque elas nos acordam da vida, muitas vezes, no controle remoto, fazendo-nos enxergar aquilo que na trivialidade do cotidiano deixamos passar, enquanto fingimos estar tudo bem.
…ninguém quer sofrer…Todavia, nos momentos de tensão surgem coisas maravilhosas, porque nesses momentos permitimos estar mais próximos do que realmente somos. Dessa maneira, as crises podem nos levar a um processo de autoconhecimento e, por conseguinte, de maior felicidade, já que ninguém é verdadeiramente feliz sendo um forasteiro de si próprio.
As crises nos mostram que podemos mudar, que não devemos nos acostumar, que há sempre algo a fazer com o que a vida fez conosco. Da mesma forma que nos faz perceber o que realmente nos faz feliz, nos mostra que devemos valorizar as pessoas que em momento algum largam a nossa mão, e faz com que o nosso olhar possua mais doçura para enxergar as belezas que explodem aos nossos olhos, mas não somos capazes de perceber.
Rubem Alves certa feita disse que foram as desilusões que o levaram a ultrapassagens, isto é, sem as desilusões que sofrera, ele jamais seria o Rubem que conhecemos. Concordo plenamente com ele, pois sei que sem as minhas crises, eu jamais seria quem sou hoje. Sei também o quão doloroso é esse processo, mas sei que de muitas dores vem a alegria, como a mulher que sente a dor do parto, mas se regozija com a beleza da vida. As nossas crises são como um parto. É necessário enfrentá-las se quisermos renascer, já que lembrando mais uma vez Rubem Alves: “Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”….”.
Extraído do texto de Erick Morais, no portal “Pensar Contemporâneo”.
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