“Eu sou aquela que todos gostariam de ser.

Eu me constituí de palavras, abraços e ternura.

Mas não sou abstrata como alguns podem imaginar.

Nunca me isolo no andar de cima para não ver.

Preciso estar perto de um chamado inesperado 

ou intuir um chamado qualquer.

Preciso estar perto para ouvir o grito de alegria

e me abraçar com ele.

Preciso estar perto para apagar os traços de tristeza

que eclipsam seu olhar.

Eu sou todos os momentos de necessidade,

desembarcada em mil disponibilidades,

porque não me ofereço em prestações.

Concedo-me inteiramente.

Nunca me guardo para mim mesma.

Para atender, revoguei o tempo.

Minha platéia sou eu e quem precisa de mim,

porque estou sempre à beira

das necessidades alheias.

Não quero provar minha utilidade,

mas minha gratuidade.

Não preciso de aplausos.

Basta minha consciência repor-me no prazer

de ser amiga.

Estou sempre onde devo estar: batendo à porta,

aliviando uma perda, apontando horizontes,

enxugando uma lágrima, fabricando momentos

de ternura.

Eu sou eu cem por cento eu.

Meu nome? AMIZADE.”