Em uma vila bem distante vivia um velho muito pobre. Ele possuía um cavalo branco que era belíssimo e de muito valor. Todos tinham muita inveja dele. Os reis e os nobre tinham ambição pelo cavalo e o desejavam. Faziam propostas ao velho que incluía valores bem altos. O velho argumentava que o cavalo era como uma pessoa para ele e não um simples cavalo. Assim, ele não poderia vender o animal. Como poderia vender um amigo! Embora fosse pobre e muito necessitado, sempre rejeitava aquelas propostas.
Certo dia o cavalo sumiu. Os vizinhos vieram e comentaram: “Velho tolo! Você não vendeu o cavalo embora precisasse muito de dinheiro. Agora o cavalo foi roubado. Isso foi uma coisa muito ruim. Um verdadeiro azar e uma maldição”.
O velho disse: “Calma! Apenas o cavalo não está aqui. Essa é a única realidade. Qualquer observação a mais é puro julgamento. Isso é apenas um fragmento de uma história. Não sabemos o que vem depois. Se é ruim ou bom, se é azar ou sorte, não podemos dizer nada a respeito. Não julguem”.
Os vizinhos responderam indignados: “Nós não somos bobos! Não venha com filosofias desnecessárias. O simples fato de que você perdeu o seu valioso cavalo é indicação de coisa ruim, de azar”.
As pessoas riram do velho considerando que ele tinha ficado louco.
Duas semanas depois o cavalo reapareceu. Ele não tinha sido roubado. Apenas tinha fugido para os campos. No seu retorno vieram com ele uma dúzia de cavalos selvagens, todos muito bonitos e valiosos.
Os vizinhos vendo aquilo, disseram ao velho: “Desculpe-nos, você estava certo, foi uma benção e não um azar”.
Mais uma vez o velho comentou: “Calma! O cavalo apenas voltou e doze outros cavalos vieram com ele. Não julguem se é bom ou mal, se é sorte ou azar. A menos que vocês tenham conhecimento de toda a história, não podem julgar. O que aconteceu é apenas um fragmento”.
Embora achando que o velho estivesse errado, desta vez os vizinhos ficaram quietos”.
O velho tinha um filho único que era bem jovem. Ele começou a adestrar os cavalos selvagens, mas logo aconteceu um acidente. Ele caiu de um dos cavalos e quebrou as duas pernas. Os vizinhos se reuniram e foram até o velho dizendo: “Você estava certo novamente. Não era sorte e sim maldição. Agora seu filho, que o ajuda muito, está temporariamente inválido e pode até ficar aleijado”.
Mais uma vez o velho disse: “Vocês não conseguem evitar o julgamento. Meu filho apenas quebrou as pernas. Ninguém pode dizer se isso é bom ou ruim. É apenas um fragmento da história. Só se pode julgar quando a história chega ao fim”.
Pouco tempo depois, aquele país foi atacado pelo país vizinho. Todos os jovens daquela aldeia foram levados à força para lutarem na guerra. Como o país agressor era superior, a guerra era perdida e os jovens não regressariam com vida. Todos na aldeia gritavam e choravam em desespero. Foram até o velho e disseram: “Você estava certo! Seu filho pode até ficar aleijado mas está aqui. Não foi levado. Nossos filhos foram para sempre. Com certeza não retornarão”.
O velho pacientemente disse: “É difícil lidar com vocês. Sempre julgando. Ninguém pode saber o que é bom ou mal, se é bênção ou azar. Digam apenas que seus filhos foram obrigados a ir para a guerra e o meu não. Ninguém é capaz de dizer nada. Ninguém sabe. Só Deus sabe”.