Siga tranquilamente entre a inquietude e a pressa, lembrando-se de que há sempre paz e silêncio.
Tanto quanto possível, sem humilhar-se, viva em harmonia com todos os que o cercam. Fale a sua verdade, mansa e claramente. E ouça a dos outros, mesmo a dos insensatos e ignorantes. Eles também tem a sua própria história.
Evite as pessoas agressivas e transtornadas, elas afligem o nosso espírito. Se você se comparar com os outros você se tornará presunçoso ou magoado, pois haverá sempre alguém inferior e alguém superior a você.
Viva intensamente o que já pode realizar. Mantenha-se interessado em seu trabalho, ainda que humilde. Ele é o que de real existe ao longo de todo o tempo. Seja cauteloso nos negócios porque o mundo está cheio de astúcia. Mas não caia na descrença, a virtude existirá sempre! Muita gente luta por altos ideais e em toda a parte a vida está cheia de heroísmo.
Seja você mesmo. Principalmente não simule afeição nem seja descrente do amor. Porque mesmo diante de tanta aridez e desencanto ele é tão perene quanto a relva.
Aceite com carinho o conselho dos mais velhos, mas também seja compreensivo aos impulsos inovadores da juventude.
Alimente a força do espírito, que o protegerá no infortúnio inesperado. Mas não se desespere com perigos imaginários. Muitos temores nascem do cansaço e da solidão. E a despeito de uma disciplina rigorosa, seja gentil para consigo mesmo.
Portanto esteja em paz com Deus, como quer que você o conceba.
E quaisquer que sejam seus trabalhos e aspirações na fatigante jornada da vida, mantenha-se em paz com sua própria alma. Acima da falsidade, dos desencantos e agruras. O mundo ainda é bonito.
Seja prudente, faça tudo para ser feliz. Você é filho do universo, irmão das estrelas e das árvores. Você merece estar aqui e mesmo que você não possa perceber a Terra e o universo vão cumprir o seu destino.
(Texto Anônimo do Século XVII)